Olá! Como
vão?
Terminei,
dia 05 de outubro, de ler Sangue Quente. Antes de mais nada vou logo
dizendo que todos aqueles que tem ainda um pouco de bom senso, não
leia o livro! Se você tem intolerância a esse mundo hipócrita e
plastificado que vivemos, também não leia! Se você gosta de
zumbis, corra com o vento e fuja desse livro como se ele fosse o
próprio zumbi querendo sua carne. E, se você for um adolescente e
estiver mesmo perdendo seu tempo lendo esse texto com mais de cinco
linhas que você é capaz de ler, não o leia! Pelo bem do futuro de
nossa humanidade, não o leia!
Este será
um post bem reflexivo, pois foi o que o livro me fez fazer a partir
da metade para o final. Não é sobre a historinha de merda que o
autor fez, mas sim, sobre a sociedade que vivemos. Não coloquei a
foto de Leonidas a toa. Quando assisti 300 a primeira vez foi apenas
com fins estudantis, para conhecer as mutações capazes no corpo
humano (biologia, uma matéria mágica e querida desde sempre S2S2).
Mas antes mesmo que o filme chegasse nos 20 minutos eu pensei: CARA,
POR QUE NÃO VI ANTES? Aquele é um dos filmes que mais tenho como
exemplo de vida. Como qualquer ser humano é capaz de vencer a si
mesmo e ser mais forte do que já se imaginou. E que a inteligência,
unida a bravura pode fazer coisas grandes!
Por que
estou falando de 300 quando deveria falar de um zumbi apaixonado?
Bem, eu explico! Vivemos em uma sociedade de FRACOS! Essa é a grande
realidade! Todos FRACOS! Incapazes de suportar a realidade da vida,
que nem é tão dura assim se compararmos com tempos antigos. Que
gostam de maquiar fatos em prol de uma consciência tranquila. Que se
satisfazem vivendo ilusões ao invés de aceitar suas limitações. E
que se acomodam em serem vitimas de seus destinos ao invés de
lutarem. Meu foco aqui não é o R, o zumbizinho em crise existencial
e sua turma de zumbis que querem ser humano
outra vez (sabe a musiquinha erroneamente
adicionada na nova edição de A Bela e a Fera? Então). O foco é
Julie. Foi ela, assim que mostrou seus pulsos cortados, a causadora
de toda a minha revolta com esse livro, que até então só tinha me
trazido boas risadas e eu até iria recomendá-lo como uma versão
lúdica de zumbis precisando de uma boa terapia (?).
Tive uma
grande amiga de infância. Uma pessoa querida e muito admirável.
Cresceu em família muito pobre. Tinha um pai violento e alcoólatra
que humilhava ela, sua mãe e suas irmãs constantemente. Porém,
essa minha querida amiga, é um exemplo de força e superação. Não
foram poucas vezes que a vi entristecida por seus problemas (Deus,
tínhamos só seis anos quando nos conhecemos e convivemos até os
15) porém, ela nunca se abateu! Nunca sucumbiu, nem precisou se
mutilar para aplacar a dor., tampouco se fazia vitima de um destino
cruel. Tive também um grande amigo, com uma história semelhante,
mesmo problema com o pai, mas era uma pessoa magnífica. Eu, vivi até
os 5 anos em um cortiço no terreno da minha avó e até os 4 anos já
tinha tido todas as doenças infectocontagiosas que boa parte das
crianças de hoje nem sabem que existe mais, com dois anos de idade,
fui espancada pela minha mãe porque fugi de casa. Com seis porque
não quis ir a escola. Levei um soco do meu pai porque o respondi. Um
chute na barriga porque deixei o quarto bagunçado. Apanhei na rua
porque era baixinha e não quis parar quando uma menina me ordenou
fazer isso. Apanhei porque falava sozinha. Apanhei de novo por ser
baixinha. Recebi o apelido de “leprosa” e todas as crianças na
escola tinham medo de mim porque fui acometida de uma doença de
pele. Passei cinco anos da minha vida em casa porque não tinha
emprego nem dinheiro pra fazer uma faculdade. Passei pelo menos um
ano da minha vida sem um único amigo que pudesse contar e a única
pessoa que eu conversava, morava em Belo Horizonte e não existia
Infinit naquela época. Perdi as contas de quantos apelidos tenho e
até hoje o complexo de altura me acompanha e para sempre me
acompanhará. E eu não conto isso para me fazer de vitima, ou culpar
a quem quer que seja, porque todo mundo tem sua história triste para
contar. E ninguém é melhor do que ninguém.
Mas,
nenhuma dessas histórias foram motivos para que eu me mutilasse, que
me entregasse as drogas ou ao álcool para escapar. Só existe uma
única explicação para isso: FRACOS! Nada além disso! Não sabem o
que é dor e sofrimento de verdade! Nunca souberam e nunca saberão!
Porque em suas cabecinhas egoístas e egocêntricas eles já estão
vivendo o mais terrível dos sofrimentos e são egoístas demais para
verem o contrario disso!
Esse
tipinho de gente é muito encontrada no tumblr. Acompanho o de uma
menina, aliás. Que respaldada no fato de ter sofrido umas
perseguições na escola quando mais nova do que já é (a menina tem
trezes anos. DEUS! TREZE! Onde esse mundo vai parar???), ter um pai
alcoólatra que nunca levantou a mão para ela, mas diz coisas
“ruins” que ela, pobre vitima, não merece ouvir e por se achar
gorda (não vou comentar isso ¬¬) acha que se cortar, tirar meia
dúzia de fotos e publicar na internet, será considerada mesmo digna
de compaixão, cuidados e o pior: um exemplo de superação por ainda
estar viva. ACORDA MUNDO!
Julie, a
menina desse livro, retrata bem essa adolescência fraca, ineficaz,
vazia, trivial, sem perspectiva e descartável que temos. É
lamentável que o escritor coloque uma adolescente viciada em drogas
e que se corta, sem que haja um real motivo para isso e sem que seja
ao menos mostrado a ela que sim, ela é forte e sim, ela pode superar
todos os seus problemas de cabeça erguida, com a força que ela tem
e todos nós temos, como a grande heroína da história. Que no final
ela consegue resolver tudo aos trancos e barrancos, acreditando que o
mundo é assim: Acredite no primeiro estranho que você encontra e
tudo ficará bem. E o pior! Nenhuma lição é ensinada a ela!
Não resta
duvidas, depois de conhecer Julie, que este autor fará fortunas
nessa nova década! É disso que esses adolescentes precisam! De
fracos como eles! De fracos que se escondem em quartos e banheiros.
Que se cortam e se drogam. Que querem chamar atenção sentadinhos em
seus sofás e deitadinhos em suas camas, no aconchego de seus lares
com as mordomias de papai e mamãe. Que protestam em redes sociais
com fotos de animais mortos, fetos ensanguentados e acham que assim
serão melhores que os outros. Adolescentes, jovens e até alguns
adultos que sem asas querem voar, sem pernas querem correr e sem
braços querem aplaudir. Que ao invés de fazerem o melhor com o que
tem, desgastam suas vidas querendo ser mais do que podem ser,
baseados apenas neste ou naquele discurso falso de auto ajuda. Que
compartilham fotos deformadas e dizem que é coisa mais linda que já
viram, apenas para se considerarem mais humanitários. Mas sobretudo,
esta é uma geração daqueles que querem viver uma ilusão e fazem
isso com tanta força que no primeiro instante que colocam os pés no
chão, no mundo real, choram. Sangram com apenas um tapinha. E no
menor dos ventos entram em desespero.
O meu mais
profundo repudio a esse livro é totalmente voltado a Julie. Essa
menina nada mais é o retrato do que vejo hoje. Ela, Bella (do
Crepúsculo, claro) estão na minha lista de meninas que nunca
deveriam existir! E o insulto maior não é esse, e sim, existirem
pessoas que realmente são capazes de ver algo de bom em meninas
fracas, insossas, egoístas. Presas em seus sonhos egocêntricos,
pensando apenas nelas mesmas e não em todo o sofrimento e transtorno
que seus caprichos causam aos outros. Talvez, haja histórias como as
de Julie e Bella por aí, mas eu, honestamente, espero nunca lê-las.
Embora, a história mais bonita que já li na minha vida, tem uma
menina assim. Guinevere. Cujo pronunciar do nome já me dá ódio
mortal! Mas esta pelo menos se preocupava (o minimo que fosse) com
seus entes queridos, súditos e superiores que iria atingir fazendo o
que bem entendia. E eu nunca imaginei que viveria pra falar algo de
positivo dessa coisinha.
Sangue
Quente não é um livro ruim porque o escritor é amador (embora ele
realmente tenha uma escrita beeem fraca), nem porque é absurdo um
zumbi querer ser vivo – André Vianco fez vampiros virarem dragões
e tem uma legião de fãs – ou porque toda a história é conduzida
de maneira fraca. O livro é ruim por relatar a falsidade que vivemos
como se fosse o certo. Por mostrar o egoísmo como se não fosse. Por
colocar fracos para posto que não merecem ter.
Entendo
agora porque há esse paralelo entre Crepúsculo e Sangue Quente.
Ambos são a história de meninas fracas que manipulam todo o mundo
em prol de terem seus “coraçõezinhos” cuidados como princesas
que se consideram ser. E, afinal, não é isso que essa garotada
quer? Um mundo girando em torno deles? Romances plastificados e
predefinidos? Amizades ensaiadas? Famílias com uma união e harmonia
mágica? Uma escola onde tudo é perfeito, todos se amam e se
respeitam? Viver o Imagine, de John Lennon, em sua plenitude? Viver
um mundo onde todos são belos e até os feios são lindos?
Quero
dizer que eu tenho um sonho. E nesse sonho, todos acordam!
Ps.:
Gostaria de deixar também aqui a minha profunda revolta por Julie
lidar com a morte como se fosse o mesmo que espremer uma espinha. Ela
chega ao ponto de se importar com um zumbi que matou o namorado e não
demonstrar qualquer sentimento pelo pai, morto brutalmente na sua
frente, com a desculpa de que ele era um homem insensível, já
estava morto por dentro, ignorando o fato de que ele, assim como ela,
sofria em um mundo sem esperança! São de pessoas assim que esses
adolescentes precisam! Parabéns, Isaac Marion! Parabéns!
Ps 2.: Escrevi esse texto há quase duas semanas. Mas graças a minha falta de internet, só pude postar agora. E continuo sem internet! OBA!