Eu, absoluta, linda, divina e soberana imperatriz deste mundo

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Dose diária de preconceito

São Paulo está em 25º? Como ousa não estar em 1º?
Opa! Olha eu fazendo post antes do tempo. Hoje, mais uma vez me aconteceu um fato revoltante e absurdo no trabalho. Quase tive um Scarfeelings e murmurei "Eu estou cercada de idiotas" massageando a têmpora. Não fiz isso porque apenas um idiota fez idiotice hoje. Eu odeio essa juventude pós adolescente dona da verdade! Simplesmente odeio! Mas odeio muito mais quando ela é plus manipulada por telejornais. Segue abaixo a conversa super instrutiva de hoje:

"- Se eu morasse em São Paulo já teria saído de lá há muito tempo! Não sei como as pessoas podem viver lá! Tudo caro, sujo e ainda é muito violento!
- A violência lá é absurda! Nego atira em mulher gravida e não dá nem aí! Se vier te assaltar e você não tiver dinheiro dá logo um tiro na sua cara e acabou! Não tem nem conversa! E ninguém faz nada!
"

Eu me manteria calada como fiz da outra vez. Mas, isso foi demais para conter a revolta selvagem dentro de mim. Tive que retrucar. Até porque, se eu não falasse, iria jogar minha cadeira (pesadíssima) na direção dele e isso não seria legal. Pelo amor de Deus, violência tem em todo lugar! Porém, como nenhum sábio de si aceita algo além de sua própria sabedoria, ele teve que dizer que nos jornal só se fala de São Paulo e a violência de lá. Claro, tinha que ser! Uma bobagem dessas jamais viria de outra pessoa além daquela que limita seu conhecimento em telejornais de rede nacional!
Deixando para lá a paranoia de manipulação televisiva, vamos ser sensatos por um momento. Telejornais de rede nacional noticiam aquilo que interessa ao senso comum. São Paulo, como maior centro econômico do país e com a maior concentração de população, claro, tem o foco! Portanto, é obvio que as noticias principais virão de lá. Em que vai interessar o povo saber da violência no interior do país? Os nos estados dos Nordeste? São Paulo, como qualquer centro sócio-econômico tem violência! Afinal, onde existe concentração de renda, onde existe uma divisão entre classes econômicas existem periferias e um povo marginalizado. Lembra do êxodo rural? Lembra do que originou as favelas? De todas as revoluções populistas ao longo da história? Sabe aquela piramide social? Sabe porque existe socialismo e capitalismo? Eu tenho mesmo que dar uma aula de história aqui? 
É simplesmente triste ver que uma pessoa formada em Comunicação Social tenha um senso crítico tão frágil e um conhecimento tão parco sobre o perfil da sociedade como um todo. Prova apenas que não é o seu nível acadêmico que faz de você uma pessoa inteligente e sensata. O que raios você fez com suas aulas de sociologia, pessoa? Onde você estava nas aulas de antropologia também? Isso sem mencionar todas as matérias específicas do curso que, com certeza, te ensinaram que não dá pra mostrar todas as informações em um telejornal de meia hora. Nem a CNN ou a Globo News da vida pode! E que a TV mostra aquilo que o publico quer ver. 
No fim, ao invés de prolongar a discussão, e evitar ofensas, apenas disse que o mesmo São Paulo que mostram para nós é o Rio de Janeiro que mostram para eles, os paulistas e paulistanos. Ele murmurou um "Noticia de rede é pra o país todo" só pra ser o ultimo a ter a palavra e encerrou-se por aí. Mas, aqui, onde posso falar o que quero, encerro com o seguinte: Desligue sua TV! Só porque você trabalha em uma não te obriga a ser escravo dela! Vá ler jornais locais em sites ou no papel mesmo, blogs informativos e afins. Conheça pessoas além do seu diminuto ciclo social carioca. Conheça melhor o seu país e quiçá o mundo, por vivencia, não só por ouvir falar. Reconheça que você não sabe nada, e vai morrer sem saber tudo. Pense mais, fale menos. Assim você descobrirá que gravidas assassinadas e assaltos com "tiro na cara e acabou" existem aqui, em Sampa, no Recife, Porto Alegre, NY e no raio que o parta. Mas, não confunda um sociedade violenta com anarquia. E saia dessa maldita bolha! Quem sabe assim você poupe as pessoas de apenas revirar os olhos e não perder tempo tentando te tornar uma pessoa menos preconceituosa e desagradável! 

Vou lhe contar, é cada Zé Povinho que eu tenho que aturar que a sociedade devia agradecer muito por bazucas não serem comercializadas no Brasil!

Pronto, desabafei! Posso seguir meu dia em paz!

Abraços!

ps.: Esse post é dedicado a minha querida amiga Gabi, que compartilha comigo o rechaço por uma sociedade preconceituosa, limitada, manipulada, acomodada e que fala demais. Além é claro a irritação com  uma maioria do povo carioca, que além de preconceituoso e arrogante, é um desagrado só! 

ps 2.: Segue o link do Mapa da Violência no Brasil, feito em 2012. Mais polêmico que mamilos! Oh!

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

O preconceitozinho nosso de cada dia




Oi. Como vão? Vou direto ao assunto e espero não ser muito extensa, como tenho sido nas ultimas postagens. Hoje no trabalho presenciei um momento revoltante. Todos os dias eles gostam de comentar os acontecimentos do dia e dizer suas opiniões e verdades absolutas. Estou até agora decepcionada comigo mesma por ter me mantido calada e engolido a seco o que tinha a dizer. A bola da vez era a polêmica do delegado Pedro Paulo Pontes Pinho, da 9ª DP no Catete, aqui no Rio de Janeiro. O individuo foi afastado do cargo pela delegada Martha Rocha ao comentar fazer o seguinte comentário no twitter: “Tenho 14 mulheres no meu efetivo, mas apenas uma, uma apenas, reúne talento, coragem e disposição para encarar a atividade policial. Se inscrevem num concurso policial como se fosse uma vaga num escritório". Eu, só fiquei sabendo desse ocorrido graças ao tititi aqui no trabalho. Confesso que não sou muito antenada nesses assuntos. E isso é um erro terrível. 

Conheço a delegada Martha Rocha apenas de ouvir falar, mas já estou aplaudindo a decisão dela. Todavia, a queridíssima e imparcial G1 publicou essa matéria agora com o pobre coitado do delegado dando sua versão dos fatos. Mas que versão? Segundo ele, manipularam as informações para prejudicá-lo. Ora, mas o twitter era dele, a publicação foi ele quem fez. Apenas printaram o que estava escrito. Onde está a manipulação? Em sua nota, ele se defende com o seguinte “Eu não tenho nenhum tipo de preconceito. Jamais desrespeitaria qualquer pessoa, seja ela mulher, travesti ou homem. Nos meus comentários, me referi às pessoas em geral. Não faço nenhuma distinção de gênero”. Moço, além de machista, você é bem mentiroso. Todo mundo tem preconceito. TODO MUNDO! Qualquer um que pensar bem vai descobrir que já generalizou ou discriminou alguém ou alguma coisa. 

Queria dar uma explicação, não só pra o coitadinho ingênuo do delegado sem preconceitos e também para o pessoal do meu digníssimo trabalho que defenderam esse nobre cidadão. Observe a frase: "Entrou no ônibus uma pessoa suspeita". Viu? Houve algum preconceito aqui? Não né? Agora vamos fazer uma mudancinha: "Entrou no ônibus um negro suspeito". Sentiu algo de errado? Vamos ver de novo: "Hoje, quase bati o carro por causa de um motorista imprudente!" agora trocando: "Hoje quase bati o carro, por causa de uma mulher imprudente!". Viu? Alguns até dirão que essa frase tem pleonasmo (confesso que eu mesma já disse muito isso. Um absurdo!). Agora essa é clássica: "Conheço uma pessoa desorganizada que só! E muito preguiçosa!" trocando "Conheço um paraíba desorganizado que só! E muito preguiçoso" mais uma que eu me empolguei: "Nossa, fulano é fogo, não tem educação mesmo" mudando "Nossa, pobre é fogo, não tem educação mesmo!". Confesse, você já disse isso! O preconceito está aí. A partir do momento que você define alguém baseado num grupo que ela pertence você está generalizando, está discriminando! E não interessa quantas pessoas de um gênero, raça, classe social ou afins você conhece com tal perfil. Isso não define um todo. E em algum momento alguém vai se ferir com isso. Essas coisas estão tão enraizadas em nosso cotidiano que nem percebemos quando o fazemos. Alguns nem sentem culpa depois. Deixe estar que não estou me excluindo de nada aqui. 

Então, querido e respeitável senhor delegado, se sua intensão realmente não era discriminar, que tivesse dito "Tenho 14 PESSOAS" e não "Tenho 14 MULHERES". Sabe-se lá quantas pessoas, com esse tipo de comentário não disseram "Ah, sabia, tinha que ser mulher!" ou então "Lugar de mulher não é na polícia" e tantos outros, como eu mesma ouvi aqui! Tem gente que ainda vem com o clássico discurso: Não é preconceito, mas tem muita mulher que..." e depois consertavam "Não, mas tem muito homem que também é assim. Direitos iguais". Queridos, decidam! Porque se for igual, não existe isso de "tem muita mulher" ou "tem muito homem", troque por "tem muitas pessoas" e fim. Ninguém vai ficar de mimimi como vocês tanto pensam. Combinado? 

Um beijo.